No ensino médio, ele estava decidido a fazer cinema na faculdade. Até que mudou de ideia e decidiu fazer psicologia! Quando percebeu que não se encaixava direito em nenhum dos dois, já tinha se formado e estava no cursinho, em 2016, sem ideia alguma de que caminho seguir. Nesse desencontro todo, acabou chegando numa orientação vocacional em grupo na USP. Ele nunca gostou muito dessa ideia, mas pensou “mal não vai fazer”. Foi lá que descobriu o tal do design e, no lugar das dúvidas, surgiu a certeza de que ele faria isso.
Em fevereiro de 2017, caiu de paraquedas no curso Design Gráfico com Ênfase em Tipografia, na Universidade Anhembi Morumbi, sem nunca ter aberto o Photoshop na vida. Assíduo telespectador de Art Attack na infância, sempre foi bom em criações artesanais que envolvessem cola branca, tesoura, papel, tinta e muita bagunça. Na faculdade, isso foi posto em prática nas aulas de colagem, stencil, xilogravura e encadernação. Lá ele descobriu como transformar a arte em solução.
Cada semestre da faculdade consistiu na simulação de projetos reais, com direito a equipe, correria, deadlines, briga, briefings, atrasos, desespero e, enfim, sucesso!
Como todo bom designer com uma verba limitada, foi autodidata no aprendizado da divina trindade: Photoshop, Illustrator e Indesign. Transformou esses três softwares em extensões digitais de suas mãos para trazer pro mundo online as suas criações. Deixando o papel e a tesoura um pouco de lado, ele se aprofundou no vasto mundo das mídias digitais e redes sociais.
Em 2018 iniciou um estágio no CREMESP onde criou todo tipo de layout para o Instagram, Facebook, Twitter etc. Lá ele também teve a oportunidade de descobrir sua paixão pelo mundo editorial. Diagramou livros, jornais e revistas ao lado de jornalistas e designers experientes.
Nesse meio tempo, ele se envolveu com alguns projetos de zine independentes e pôde explorar um pouco mais a tão desejada liberdade criativa num projeto de design. Foi nesse momento também que foi chamado por Dévra Taboada para contribuir com o projeto O Aniversário de Bete. O que se iniciou como apenas uma ajuda a uma querida amiga, se transformou numa parceria incrível que durou até os momentos finais do projeto.
Se implicou no desenvolvimento da criação do cartaz do filme e da capa para o DVD, o lettering do curta — feito através do estudo da caligrafia do ator, materiais para as redes sociais, mas também realizou o desejo do Ian do ensino médio e pôde criar materiais gráficos para o cinema, que foram utilizados em motion graphics nos créditos finais do filme.
Foi um projeto que também teve direito a tudo, assim como ele havia experimentado na faculdade, com exceção apenas da paixão e motivação que sentimos quando participamos de um projeto incrível e real, que toma corpo no mundo e impacta outras pessoas.
Em 2020 seu contrato de estágio se encerrou ao mesmo tempo em que a pandemia alcançou o Brasil e ele acabou se vendo ilhado num novo mundo cheio de medos, incertezas, restrições e distanciamentos. Ian passou por diversas crises de identidade pessoais e profissionais e chegou até a trancar a faculdade bem em seu ano de TCC. Ele se viu novamente naquele desencontro consigo mesmo e com o seu caminho.
Foi então que ele deixou de lado seus queridos softwares e buscou conforto nas linhas, agulhas, papéis e cola e mergulhou novamente na encadernação. Ele se reconectou com o prazer da criação e voltou a descobrir o design e as artes manuais como suas grandes paixões. Novamente, as dúvidas foram se dissipando e ele reingressou na faculdade, no segundo semestre de 2021, para enfim concluir essa trajetória que deu início a anos atrás.
E, num timing perfeito, assim que concluiu o pagamento da rematrícula, recebeu uma mensagem de Dévra o convidando para participar de um projeto novo, um tal de Colmeia na Gringa. Ian não pensou duas vezes antes de responder que, com todo o prazer, topava ser uma das abelhas operárias dessa colmeia.